04 dezembro, 2010

Juro Zero

querido diário:
o jornal Zero Hora de hoje inquietou-me, mas Maria Izabel Hammes tudo salvou. explico-me. até ler a cronista econômica, eu estava nutrindo a sensação de ter esquecido tudo o que aprendi em matéria de ciência econômica. parecia que pode-se cortar juros como se corta um filé à mesa. o Programa de Metas de Inflação, no Brasil, parece ter dado certo, parece ter-se combinado com uma política de não-elevação exagerada do gasto público (la maquineta, como dizia meu professor Aaron Dehter). parece que houve um certo controle do famoso dragão, em virtude de diversas razões. ocorre que algumas das variáveis que foram transformadas em parâmetros e, depois, em constantes, deixarão de assim manter-se e seguirão variando como determina o próprio conceito.

por exemplo, a equação reflexa de S, ou seja, da função de poupança agregada da economia -por ser reflexa- reflete os desequilíbrios no lado da demanda real: consumo das famílias, consumo do governo e exportações. naturalmente, os preços adequados (nomeadamente, se não inovo, preço dos bens e serviços mercantis, preço dos bens públicos e preço das divisas). isto é contabilidade social, ou seja, rala teoria econômica, mas permite-nos ser analíticos. se não houver receita das famílias, tributos ou importações adequadas, eles vão colocar-se em desequilíbrio. e, claro, é proibido pela terceira lei da termodinâmica que haja desequilíbrio simultâneo nos três.

de sua parte, déficit nos orçamentos familiares se combate com menos gasto ou mais receita, déficit no orçamento governamental é combatido com mais receita pública ou menos gasto público. e déficit no balanço de pagamentos em conta corrente derruba-se com mais câmbio ou menos juros. só que, neste caso, o câmbio é inimigo da inflação, e, claro, os juros baixos também são. quer dizer, o governo não poderá fazer milagres. ou, por outra, um governo pode fazer alguns milagres por algum tempo, mas a lei da oferta e procura não pode ser revogada, feita letra morta, como é o caso da lei do orçamento público.
 agora, não sabemos se o Brasil também será salvo de barbeiragens de política econômica. agora está chegando uma daquelas horas de onças beberem água que não serve para provar nada de proveito para o mundo de falsificação de teorias. agora eu juro que haverá inflação. prá não falar do câmbio. e acho que a maneira de evitar é por meio da política fiscal: tributos. e não juros!
DdAB
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