29 dezembro, 2010

Cars Galore

querido blog:
andei pensando em escrever um conto de ficção científica em que as personagens centrais são os automóveis. 700 mil deles, avassaladores sobre a cidade de Porto Alegre, tomando conta de tudo. na linha do que aprendi com Campos de Carvalho, não é que cada mendigo já tenha seu radinho de pilha, mas que os radinhos de pilha é que se credenciaram para terem, cada um, lá seu mendigo. isto parecia Marx e as inversões que alguns chamariam de dialéticas. a força do poder e o poder da força, as armas da crítica e a crítica das armas, aquelas coisas.

se Porto Alegre tem mesmo 700.000 automóveis, isto significa que asruas serão tomadas por eles, o tráfego será lento, os desvios, as quebras, colisões, tudo, tudo, tudo será inevitável. mas, pensando nos desvios esdrúxulos, como proibir dobrar à esquerda, fazer pilhas de ruas de mão única, tudo isto, faz com que o automóvel médio ande, digamos 1m a mais do que o necessário por dia. pois são 700.000/1.000 ou 700km jogados fora por esse exército de queimadores de gasolina e álcool, percorridos inutilmente. são talvez 50 litros de combustível queimados inutilmente.

são 365 dias no ano, vezes 50 litros, já começa a dar para fazer uma festa, caso consigamos um mecanismo de apropriação privada da economia resultante de um manejo mais racional do direito de ir e vir. de minha parte, eu vou e não volto...
DdAB
imagem: daqui.

20 dezembro, 2010

Drogas: Sinatra & Preminger (sem refilmagem)

querido diário:
há 50 anos, ou apenas 49, o delegado de polícia de Jaguari (ou eram os juízes da nova corte de Brasília?) impediu-me de ver o filme "O homem do braço de ouro" ((ler o original no Google, e ver o poster)):

The Man with the Golden Arm is a 1955 American drama film, based on the novel of the same name by Nelson Algren, which tells the story of a heroin addict who gets clean while in prison, but struggles to stay that way in the outside world. It stars Frank Sinatra, Eleanor Parker, Kim Novak, Arnold Stang and Darren McGavin. It was adapted for the screen by Walter Newman, Lewis Meltzer and Ben Hecht (uncredited), and directed by Otto Preminger.

dois são os momentosos temas que devido a estes eventos trazem-me a postar hoje.

.a. quem eram mesmo os carinhas que achavam que eu não teria estofo moral ou intelectual para envolver-me com heroína? ladrões, ladrões, ladrões, moralistas, moralistas, moralistas, irresponsáveis, irresponsáveis, irresponsáveis.

.b. naquele tempo, havia dois tipos de jaguarienses. os refinados diziam que o filme era de Otto Preminger. o clube da baixaria dizíamos que o filme era com Frank Sinatra. 

anos depois, vim a dar-me razão em ambas as emoções. emoções racionais, foi o que pensei. primeiro, em tempo de refilmagens, faltam outras do mesmo tema, atualizando-o para dramas contemporâneos, nem todos estrelados por meninos de rua. segue o primeiro: em tempos de refilmagens, não adianta dizer que o filme era do Preminger, pois este mesmo teria o direito legal de fazer outra versão do mesmo tema (acho que algum chinês já fez isto, ou indiano, ou japonês). além disso, seu direito legal lhe ampararia a escolha de outro ator, inclusive porque o Frank já teve seu passamento decretado por quem de direito.

segundo, e mais severo, sob o ponto de vista dos meninos de rua. o Frank foi acossado por um policial intransigente, insensível e antipático. at the same time (diria Deborah Kerr, em outro filme do mesmo tempo, ou não), foi acossado por um simpático traficante de drogas, e sua heroína, mercadoaria proscrita por moralistas. o Frank, agora que vi o filme, exibia dois enormes talentos:

.a. manipular fraudulentamente as cartas no pôquer
.b. tocar bateria (o que aprendeu no presídio)

a terceira função do braço (receber picadas de heroína) de ouro é que dá nome ao filme. digamos que ele realmente pudesse (como o final feliz sugere) especializar-se na bateria. isto se deveria à lei. e que o delegado pudesse tê-lo incentivado, ao invés de ajudar a cavar sua cova (provisória) e a golden gate que lhe criou a pernuda Kim Novak.

para mim, há lições importantes:

.a. naquele tempo, não vi o filme e não me viciei em heroína; e se alguém, em condições correlatas, se viciar hoje, não sei se poderemos dizer que isto iria acontecer mesmo que ele/ela sempre tenha acalentado a curiosidade de saber o que passaria pela mente do Preminger ao dirigir Frank a fazer aquelas visagens e regressões uterinas. parecer-me-ia mais sensato considerar que filmes não conclamam ao uso de drogas, ao contrário.

.b. parece evidente que o desenvolvimento da carreira de Frank -como sabemos, um dos maiores cantores da cultura 'easy listening' americana- como baterista, ou seja, não era o Frank, mas a personagem do filme, como baterista, repito, pouco ou nada teria a ver com a heroína, ou melhor, teria a ver com a anti-heroína Eleanor Parker e a heroina Kim Novak. mais ainda, como é que o delegado era tão duro para cima do Frank e não o era para o traficante, nem para o dono do cassino de pôquer clandestino.

a lei e o crime andam de mãos dadas, especialmente na sociedade em que o desenvolvimento social é baixo, como o Brasil, a Bolívia, a Colômbia, o Afeganistão e, um pouco menos, os próprios Estados Unidos. terá a ver com o índice de Gini? a legalização das drogas, tornando a oferta muito cara para os "faixas-pretas" e gratuita para os viciados (em tratamento ambulatorial, que no hospital o negócio parece que tem que ser lei seca mesmo) é a salvação da lavoura, digo, você entende...
DdAB

18 dezembro, 2010

Primeira Vitória do MAL*: luto consentido

 
querido blog:
na capa de Zero Hora de hoje, podemos ler (os meninos de rua que o sabem) que minha professora e colega Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, teve seu nome retirado de um processo em que nove pessoas são acusadas de ladroagem. ou seja, sobram oito (o bom jornal diz-lhe os nomes), se curiosos formos; tá tudo no processo da juíza alpinista oslt de Santa Maria). mas pelo menos a Yedinha saiu fora, o que -convenhamos- seria uma pouca vergonha da politicagem, começarem logo com ela, tendo tanto Jáderes, Gedeis e Gesuínos esperando julgamentos justos pela empresa júnior do centro acadêmico da faculdade de direito da Suíça.

começando os balanços para 2010 e prospectos para 2011, devo começar a defender::

.a. novos meios de divulgação do MAL*, o Movimento pela Anistia aos Ladrões Estrela, título que me levou à imagem de hoje: selecionei esta (aqui) para ilustrar a postagem.

.b. convênio das forças populares revolucionárias do Brazil (nome prévio à ditadura do Dr. Getúlio Dorneles Vargas) com a empresa júnior suíça que vencer a licitação cujo faremos publicar no New York Times, sei lá.

.c. solução para o problema das drogas ilícitas:
.i. solução trivial: torná-las lícitas
.ii. ato contínuo: vender em farmácia as recreativas com receita faixa preta (com discriminação de preços, tudo aquilo que as empresas produtoras de café, cigarro, açúcar, álcool etílico e todas as demais sabem muito bem, e enormes impostos indiretos, tentando viciar toda a cadeia produtiva
.iii. e também simultâneo: distribuir gratuitamente para viciados em salas de consumo.
DdAB

17 dezembro, 2010

Luto Estadual

querido blog:
na capa de Zero Hora de hoje, está o anúncio da iniciada ontem com outro golpe na nacionalidade: "Em efeito cascata, Assembleia vota reajuste na terça". ou seja, os deputados estaduais, que não são de ferro, acham que também precisam ganhar mais. o cachorro que ilustra esta postagem não tem opinião a respeito, ao que presumo. ao que presumo, não é eleitor. nem o menino.
DdAB

16 dezembro, 2010

Luto Nacional: perdemos R$ 2,4 milhões por cada

querido blog:
o fim-de-ano, em geral, deixa os loucos ainda mais nervosos. em particular, este ano, a montagem dos governos que mais de perto me dizem respeito deixa-me estupefato. aliás, até acho que nem deixa... parece-me que, com todo o aparato de busca de compreensão da realidade social que adquiri nestes últimos 40 anos, a conclusão a que cheguei é que:

.a. ou li os livros errados
.b. ou os livros têm algum segredo, que levou-me a fazer a leitura errada.

e por que tornei-me filosófico acerca da realidade social brasileira? tudo, tudo, tudinho, está explicadinho nas p.4-5 de Zero Hora de hoje. leio-a porque elegi-a para ser meu ponto de apoio na seleção do que é importnte. claro que há erro do entrevistador (eu) e do entrevistado (Zero Hora), afora os tradicionais erros de seleção amostral, e tudo aquilo. seja como for, diz-se por lá:

O NATAL DE BRASÍLIA
Congresso distribui aumentos

o deputado federal, seguindo -desesperemo-nos os juízes que já passaram a ganhar R$ 26,723,13, passarão a ganhar -você adivinhou, claro!- os significativos R$ 26.723,13. mas não é apenas isto. eles também ganham mais R$ 60 mil, a título de "verba de gabinete". e mais R$ 29,3 do "cotão", seja o que isto for, e mais R$ 3 mil de auxílio moradia, num total de R$ 118.991,22.

não sei se fui claro. trata-se de R$ 120 mil mensais. por mês, batidinhos um em cima do outro, batidinhos 48 vezes, se é que deputado não está credenciado (credenciou-se) a receber gratificações natalinas, pascais, setembrinas, abrilinas, clodomiras, sei lá, etc. então sigo com minha aritmética de nivel que estudei com a afamada profa. Abigahil (não confundir com a garota do governo Tarso).

pensei:

.a. o salário mínimo é de R$ 500,00
.b. o deputado ganha R$ 120 * 48 * 10^3 = R$ 5.760 * 10^3
.c. ganhos do deputado convertidos em salários mínimos: 11520 eleitores.

ou seja, o deputado altruísta que se dispõe apenas a comprar votos, gastando um salário mínimo por cada eleitor alcançará 11.520 votos, o que o elege na maioria dos cantões nacionais, especialmente se a isto adicionarmos que o valor de suborno de mercado pode ser inferior a estes R$ 500 e, dois, que a gratidão será profunda também por parte de outros eleitores da família eleitoral, ou seja, avó, avô, bisavó, filhos e netos. merry Christmas!, the war is over.
DdAB
fonte: homenagem de gente séria de Portugal à porcada de lá.!

14 dezembro, 2010

Emprego e Renda: equívoco real


querido blog:
ia postar isto ontem. o tempo (t = f(E, m, d)), porém, impediu-me. falo de um artigo assinado pelo Prof. Jorge Audi, na Zero Hora de ontem. ele fala em tecnologia, criação de emprego e geração de renda. ok, não estou falando de renda de bilro, mas de renda no sentido de rendimentos dos empregados mais rendimento de trabalhadores autônomos (que o IBGE joga no resto) e o excedente operacional. 

o que parece natural é entendermos que há contradições em termos, a não ser em situações particularíssimas. em particular, já houve na história sinais de que a mudança tecnológica contribuiu para a elevação do emprego. não nego. só não lembro onde..., nem quando, duplas reticências... ... eu mesmo andei calculando umas coisas nesta linha para a economia brasileira e constatei que, entre 1950 e 2000, algo assim, houve um que outro período em que a mudança tecnológica contribuiu para elevar a renda (não a de bilro, ou talvez também esta, reticências simples...). e também para a do emprego, e também os dois casos simultaneamente.

claro que podemos entender a virtuosidade acentuada devida à conjunção de enorme elevação da demanda final com ganhos de produtividade do trabalho. se, ainda -miracolo- os ganhos de produtividade também convergem para os menos favorecidos (não necessarimente trabalhadores, nem necessariamente das indústrias dinâmicas), então estaremos no mundo melhor que sonho!

agora, caiamos na realidade novamente. dificilmente a tecnologia vai protagonizar este tipo de milagre, elevando simultaneamente a renda e o emprego. ou seja, naquele meu relatório sobre a economia brasileira, o que houve é que a destruição de emprego associada aos ganhos de produtividade foi mais-do-que compensada pela elevação da demanda final. pode acontecer isto hoje em dia? claro que pode, temos o que também andei batizando como "exército de reserva de consumo". pode ser que o governo Lula tenha entendido isto, com seu programa "Bolsa Família". fazendo crescer a renda dos menos favorecidos, poderíamos pensar em também ver crescer a demanda final e, com ela, a renda, mesmo com os ganhos de produtividade.

naturalmente, o fenômeno distributivo ocorre no mercado de fatores de produção, ao passo que o fenômeno redistributivo vai ocorrer precisamente no segmento das transações interinstitucionais, nomeadamente, transferências do governo às famílias pobres. mais ainda, nem seria desejável que uma sociedade declarasse seus níveis de felicidade pessoal ascendentes com enorme elevação do número de horas trabalhadas. no capitalismo, o lucro reside precisamente na atividade produtiva que economiza trabalho. e, ao economizar trabalho, os preços caem, corroi-se a lucratividade do setor libertador de emprego.

ou seja, a Lei de Ferro é dada na seguinte redação: quanto maior a produtividade, menor o emprego. quanto maior a produtividade, menores os preços. quanto menores os preços (virtuosamente, como é o caso), maior o bem-estar. quanto menor o emprego (ceteris paribus), maior o bem-estar. quanto mais tecnologia, mais produtividade do trabalho. a Lei de Ferro da Inteligência Humana diz que é difícil prá burro entender isto.
DdAB
achei esta linda imagem das mãos de uma rendeira de bilro, evocando-me a Lagoa da Conceição e a própria bela e Santa Catarina. o site é de lá mesmo: aqui.

12 dezembro, 2010

Cocaína, crack e maconha (entre outras drogas)

querido diário:
diário ou quase, né? não juro que serás diário, ainda que eu acredite que quem escreve diário é porque saiu do armário. mas quem escreve sempre que pode, se fizer poeira, sacode. ok, o tema é difícil. não sou a favor do consumo de drogas, ao contrário. vivo quebrando a cabeça para entender as atuais políticas públicas que não mostram qualquer sinal decente de reduzi-lo. seja como for, para começar o assunto, admito o "consumo recreativo", desde que este seja devidamente conceituado e, em particular, não seja deixado "ao mercado" o encargo de tratar da provisão deste bem regular (ou seja, não é livre, nem de mérito, nem de demérito).

então não é que nas p.34-35 do jornal Zero Hora de hoje há enorme reportagem sobre o "avanço das drogas", cuja "Onda do tráfico inunda o Litoral". fazer a como que rima entre "onda" e "inunda" e associar uma "onda" ao "litoral" lembra o surf, o surfista, sei lá. o que vemos no tom geral das matérias são contradições internas e avaliação equivocada tanto das causas como das consequências das atuais políticas de combate ao consumo inadequado.

por exemplo, a juíza Cristiane Hoppe, da Vara Criminal de Osório já vai acusando: "Sem consumidor não haveria tráfico de drogas." não apenas esta é a visão de "incriminar a vítima". mas, além desta crueldade para com o doente, o viciado, há um truísmo estupefaciente. claro que sem consumidor não haveria tráfico. sem ofertantes também. mas o principal é que "tráfico" só ocorre porque há alguns salvadores da pátria e da saúde dos filhos dos outros que insistem em que consumir drogas é crime e não sintoma. e fogem à velocidade do fogo na palha (esta é em homenagem à onda litorânea) de olhar o fenômeno sob lunetas diferentes daquelas criadas por seu moralismo. porque não são capazes de ver a multidimensionalidade do fenômeno envolvido. só existe tráfico porque existe repressão!

o primeiro histograma da matéria mostra o consumo das três drogas que dão título a minha postagem dominical: um espantoso aumento na apreensão de cocaína e crack e igualmente estupefaciente queda na apreensão da maconha. o juiz Ademar Nozari, "a uma década na Vara Criminal de Capão da Canoa" diz: "O tráfico preocupa bastante. Percebo crescimento a cada ano." ele dá suporte à hipótese de que -quanto maior é a apreensão- maior é o tráfico, ou seja, há uma fração eterna e imutável entre a quantidade apreendida e a quantidade transacionada. exceto para a maconha que -por ter menor apreensão- tanbém aponta para outras fontes de distribuição. e, cá entre nós, misturar maconha com crack é pedir incomodação para tratar seriamente do problema. claro que não foi o juiz que misturou.

de sua parte, o promotor Marcelo Araújo Simões dá uma dica sobre como acabar com os homicídios, prática totalmente elogiável: "A sensação é de que 75% dos homicídios ocorrem por causa do tráfico. Um em cada quatro inquéritos é motivado por drogas." tempos atrás, cheguei a ver coisas parecidas ocorrendo com a progressista cidade de Montenegro do Brasil. quer acabar com este tipo de baixaria? mude a política. não se deve afrontar a lei da oferta e procura para provisão de bens regulares! não se deve fechar os olhos para o problema. não se deve deixar guiar pelo moralismo que é insensível à moral da superioridade absoluta da vida humana sobre todos os meandros não-libertários. se não é assassinato, também tem arrombamentos, como diz o próprio autor da reportagem, o sr. José Luís Costa: "jovens viciados em crack, suspeitos de arrombar mais de 20 casas de veranistar por mês na cidade." não é à toa que nunca pensei seriamente em cultivar a tradição gaúcha e que me foi passada de ter casa na praia. para financiar o tráfico de drogas, responsável pela corrupção dos costumes? nem morta!

parece que há mais sabedoria do que a média da negadinha no pensamento do delegado Paulo Perez, de Tramandaí do Brasil: "É como enxugar gelo. Prendemos um traficante, mas aparecem outros". esta de "enxugar gelo" parece estar na moda no mesmo caderno do "onda litorânea"...
ao pensar sobre estes problemas de meu cotidiano (daí a razão de eu manter-te, querido diário), passei a considerar que a melhor maneira de desarticular este mercado de drogas é trnasformar a droga em um bem de demérito legalizado e de consumo garantido pelo governo. ou seja, distribuição gratuita (o que não é a mesma coisa que "bem livre", não é mesmo?). claro que precisamos ter u mgoverno decente, um governo em que a corrupção não seja permeável como água na areia (esta também surge em homenagem à onda litorânea). então pensei: podemos fazer um convênio com algum centro acadêmico de estudantes ciências penais em alguma faculdade suíça, para que este supervisione o estado brasileiro no gerenciamento da oferta gratuita e não caiamos em tentação de deixarmo-nos corromper por incentivos materiais derivados do uso inadequado da prioridade (depois de destruir os incentivos para ofertantes privados) ao enfoque ao problema sob a perspectiva da saúde pública: o lugar de viciado (não estou falando de consumo recreativo, por definição) é nas mãos de médicos, assistentes sociais, e quetais, nunca de traficantes, malvados, meliantes!
DdAB
a imagem, que editei, veio daqui.

11 dezembro, 2010

Ralo da Corrupção

querido diário:
o título de hoje veio-me copiado direto da p.19 de Zero Hora de hoje, na coluna "Brasília", respondida interinamente por Fábio Schaffner, com Helen Lopes. eles sustentam que:

Quem acompanha de perto os meandros da Comissão de Orçamento do Congresso sabe que não há mecanismo de controle que estanque as fraudes. Os corruptos são sempre mais criativos. O principal ralo atende pelo nome de emendas parlamentares. Elas permitem aos congressistar irrigar suas bases eleitorais com recursos, ao mesmo tempo em que favorecem todo tipo de falcatrua. O hit da vez é destinar dinheiro para ONGs, muitas vezes criadas somente para receber recursos públicos. Em 2010, os parlamentares  destinaram R$ 4,5 bilhões para este tipo de entidade. A única forma de evitar novas irregularidades seria extinguir as emendas, mas é mais fácil acreditar em Papai Noel.

escrevi-lhe (/s) o seguinte e-mail (mutatis mutandis, com uma frase final em negrito-itálico que acrescentei agora:

quero dar-te parabéns (e à Helen?) pelo comentário inicial da coluna de hoje. concordo em absoluto com a ideia de que as emendas são a fonte central da corrupção e do tráfico de influência, da violência/poder do poder/estado executivo sobre o legislativo.

para mim, a palavra chave é "lei do orçamento", em que o processo legislativo enquadraria todos os desejos da sociedade, conforme seus representantes mais diretos. ou seja, o diálogo entre a montagem do orçamento público (e planos plurianuais) pelo executivo e a discussão, emendas (na geração da lei e não o clientelismo posterior) e aprovação pelo legislativo iria -ele, diálogo- estabelecer freios para uma série de desmandos.

meu melhor exemplo de desmando é a elevação dos vencimentos dos próprios políticos, incluindo entre eles os juízes de direito. mas os desmandos também poderiam ser evitados nas frequentes greves de funcionários públicos que nada poderiam pleitear "fora do orçamento". os juízes, em particular, ou melhor, o sistema judiciário deveria ser o primeiro a zelar pela seriedade do cumprimento da lei em geral e do orçamento em particular. talvez até esta atribuição deve ser transferida ao ramo dos tribunais da justiça eleitoral do poder judiciário.

e extinguir definitivamente os tribunais de contas, esses espantosos cabides de emprego de rendimento compelentar para os políticos eleitoralmente incompetentes. 4,5 bilhões de reais? 4,5 bilhões? podemos comparar com a matéria da p.14 (Política) da própria Zero Hora:
.a. o orçamento da Câmara dos Deputados é de 3,8 bilhões de reais
.b. o orçamento da Prefeitura Municipal de Porto alegre é de 3,6 bilhões de reais.
(só bebendo!)
DdAB
a imagem de hoje veio de (clicar), expressando minha maneira de estimar o custo da corrupção no Brasil. são quatro destinos que têm condições de habitação inferior ao do suíço de idade equivalente médio. e mesmo o paulista, o economista, tudo o mais. seus pais serão o que a ILO chama de 'trabalhadores decentes'? e, por sinal, ser político, ser juiz de direito, ser promotor, etc., é ter trabalho decente?

10 dezembro, 2010

Democratizar a Ação Governamental

querido diário:
como bem sabemos, o corpo humano divide-se em três partes, ao passo que as principais organizações (mecanismos) econômicas dividem-se em comunidade, estado e mercado. e penso que mais ou menos nesta ordem de surgimento. tudo diferente do que vemos hoje, tudo tão essencialmente parecido. o mais perverso deles, o que mais favorece a centralização é o estado, ainda que a comunidade pratique cada falha de arrepiar e o mercado permita o uso da força, o uso do poder econômico descambando para a violência personalizada.

quando o PT assumiu a prefeitura de Porto Alegre, no início de 1989, eu andava por fora. digo, por fora do Brasil, acompanhando apenas à distância os desdobramentos da tentativa de democratização da ação governamental na administração de uma cidade grande brasileira. em resposta aos impactos recíprocos (comunidade na "Administração Popular" e desta na comunidade), demorei, mas enfim entendi, que o grande objetivo de uma coalizão partidária liderada por um partido atento à necessidade de democratização seria delegar aos funcionários públicos municipais a principal tarefa de gerir a execução do orçamento público.

isto quer dizer que não haveria CCs -os "cargos em comissão"- nem haveria nomeações "de cima para baixo", ou seja, todos os cargos de chefia seriam preenchidos por vencedores em eleições abarcando o eleitorado cabível. ainda que pudessem ser inscritas em "listas tríplices" à escolha final do prefeito, a eleição, o princípio do "aqui nós é que manda" seria fundamental, deveria ter sido cultivado desde o início. eu mesmo apenas capturei este axioma anos depois do começo do esclarecimento de que o que estávamos vendo era o aparelhamento da administração municipal. a exemplo de todos os governos anteriores, inclusive os prepostos dos militares. nada mudou, ainda que a "Administração Poplar" tenha feito um bom governo. nada mudou? claro que mudou em algo importante para a vida cotidiana das pessoas citadinas, mas meu balanço -mesmo neste caso- começa com a contagem dos meninos de rua.

moral da história: vejo na p.8 de Zero Hora de hoje que "Aliados de Tarso [nosso novel governador a partir do ano que vem] afirmam que governador tem o direito constitucional de escolher sua equipe." tudo à propos da nomeação que a governadora (cujo direito de nomear sua equipe está sendo checado pelos 'aliados') fez do presidente do Instituto Riograndense do Arros, ou como quer que tenham passado a chamá-lo. fez-se uma lei dizendo que este cargo seria preenchido pelo escolhido pelo/a governador/a a partir de uma lista tríplice gerada pelos associados do próprio Instituto, o Irga.

sabemos que nunca creio 100% no que leio! mas leio cada uma de corar frade de pedra. e li o seguinte:

"O texto desrespeitaria a Constituição Estadual. Ao obrigar o governador a decidir entre três nomes, estaria limitando sua prerrogativa constitucional de escolher a própria equipe."

te segura que vem mais:

"A inconstitucionalidade também estaria presente ao instituir um mandato de dois anos para o presidente do Irga. O governador tem o direito de exonerar ou nomear cargos de confiança quando bem entender."

pois bem, eu pensei: Tarso parecia estar encaminhando-se para fazer um governo de pacificação. mas aparentemente ele não controla seu partido que mantém seus piores genes estalinistas, achando que o estado é hegelianamente a encarnação do espírito supremo. desesperado, ainda consigo balbuciar: pode? e responder caetanescamente: "quem pode pode, quem não pode se sacode". e os meninos de rua que sigam exercendo a condição, como sugeriria Raul Seixas, de palhaços que comem lixo.
DdAB
peguei aqui e editei a imagem acima.

09 dezembro, 2010

Mercado de Trabalho e Seguros Generalizados

querido diário:
embora eu não seja um assim chamado labour economist (e acho que em benefício de minha liberdade de pensamento), preocupo-me com o tema desde, pelo menos, o tempo em que comecei (e já parei!) a lecionar macroeconomia. mas minha primeira estupefação ocorreu durante a pesquisa que conduziu à tese de doutorado, ao constatar a enorme mudança estrutural dos anos 1970s no Brasil: o emprego agrícola caiu, em 1970, de 66% do emprego total para 33% em 1980. e seguiu caindo, inclusive já experimentando cifras negativas. e chegou a menos de 20% dos 80 ou 90 milhões de trabalhadores em ação nos dias que correm.

de outra parte, no Governo Lula foram criados 15 milhões de empregos, se usarmos as estatísticas oficiais. não quero falar sobre elas, ainda que suspeite que o emprego médio desses 15 milhões não apenas oferece produtividade inferior à média da economia, mas também inferior a médias razoavelmente bem apanhadas. quero dizer, mesmo que retiremos a química, a metal-mecânica, ainda assim o emprego médio estará alcanando produtividade inferior, por exemplo, à da média do setor serviços. e seria atrevimento, mas fica a sugestão, dizer que podemos até retirar o comércio do terciário e, ainda assim, veríamos baixíssima produtividade nos empregos novos.

claro que posso estar errado, mas meu ponto central é fazer a defesa da renda básica universal. primeiramente, porque mesmo esses 15 milhões, ainda que exemplarmente amparados por bens de capital que lhes permitam produtividade digna, não chegam a arranhar a entrada de indivíduos adultos na idade economicamente ativa. ou seja, é muito provável que o emprego precário tenha até aumentado durante os últimos 10 ou, se quisermos, oito anos.

e qual é a solução? renda básica, né, meu? e por quê? para 80 milhões de trabalhadores ganharem R$ 500 por mês não se despende nem 20% do PIB anual. e, claro, parte desta cifra seria financiada precisamente com o desconto a ser dado no imposto de renda. ou seja, todos ganham a renda básica, inclusive o criador da lei (não seria legislar em causa própria, dado o caráter universal) e o presidente que a sancionou.

e aí é que vem o ponto que liga os temas do título da postagem: renda básica e seguro-desemprego. obviamente os problemas de risco moral impedem que se crie um seguro desemprego efetivo para o mercado de trabalho. no mercado de seguros, o mecanismo criado para evadir a falha de mercado resultante desta assimetria de informação foi a franquia. pois a renda básica unversal seria declarada como que uma espécie de franquia elevada na menos um. todos ganham, logo quem quiser ir ao mercado de trabalho vai, sem que a sociedade precise de preocupar-se com a idoneidade moral da vítima do desemprego que iria querer acertar-se com os R$ 500 pensai. todos ganham, trabalhem ou não.

e que aconteceria com um mercado de trabalho neste contexto? trabalhei nisto em um artigo de anos atrás, em coautoria com Eduardo Grijó. parece-me que a oferta de trabalho desloca-se para a esquerda, criando uma pressão altista sobre os salários. mas ao mesmo tempo também haverá um efeito "renda familiar", algo assim, de sorte que o salário de mercado cairá para abaixo do salário mínimo, que deveria, ipso facto, ser revogado. o controle da produtividade das empresas incapazes de "subornar" trabalhadores para abrirem mão do lazer e trabalharem seria a própria renda básica universal. vote em mim!
DdAB
veja só onde eu caí ao buscar a ilustração acima para a postagem acima: clicar.

07 dezembro, 2010

Moralismo e a Tragédia das Drogas Ilegais

querido diário:
confrontando com a página dos necrológios, a Zero Hora de ontem publicou uma reportagem sobre drogas ilegais. diz algumas coisas interessantes, mas vê-se claramente a controvérsia no tratamento do tema, mesmo para aqueles donos da verdade que consideram que não há saída a não ser a repressão do jeito como ela hoje é praticada.

afirma o Delegado João Bancolini: "Dá para dizer que a questão da droga está sob controle no estado (do RGS)". confronta-o no parágrafo seguinte o Delegado Ildo Gasparetto: "Não está 100% controlada, pois se estamos apreendendo mais é porque está chegando mais droga."

claro que não necessariamente a apreensão é função rigorosamente proporcional da quantidade importada. pelo Rio Grande do Sul mas, ao mesmo tempo, se é -e este é meu palpite- o que estamos vendo é que o número de quilos consumidos de maconha, cocaína, ecstasy e LSD.

o problema com este tipo de encaminhamento ao problema é que a família está corrompida, a polícia também, o poder judiciário também, sobrando apenas a tragédia, a injustiça e a incúria. o moralismo impede que se dê livre curso ao conceito de consumo recreativo. e também que se  retire a provisão das drogas pesadas pelo mercado. uma droga como o crack ou o ópio devem ser distribuídas gratuitamente pelo estado, de sorte a impedir que os viciados, os doentes, os pobres doentes que delas dependem possam livrar-se dos profissionais da extorsão, da criminalidade, da promoção da injustiça. claro que este tipo de ação, associado ao conceito de sala de consumo, associado aos receituários "faixa preta" podem ajudar muito mais do que destruir a família e suas criancinhas. e obviamente o pai problemático, a mãe devedora, essa gente.

o preço que a sociedade está pagando pelo moralismo de não aceitar o conceito de consumo recreativo, por exemplo, para ecstasy, é elevadíssimo, pois certas pessoas que não o usam sob supervisão médica háo de usá-lo sob supervisão de malfeitores.

a reportagem que encontra-se a meu lado enquanto digito o texto mostrou com clareza que houve uma substituição de ecstasy por LSD, pois a repressão ao primeiro permitiu que se apelasse ao segundo. desconheço, claro, os meandros das vantagens ou defeitos deste tipo de troca. há profissionais que podem dizer algo a respeito. no outro dia, este mesmo jornal divulgou umas discussões sobre uma terapia inovadora que conseguiu que muitos indivíduos trocassem o uso do crack pelo de maconha. acho que eles, ao invés de irem para o xilondró, deveriam era ir para o trono, pois parece que fizeram algo de enormes méritos sociais, pois fumar maconha é muito menos pernicioso, socialmente falando, do que usar crack.
DdAB
a fonte da imagem tá no click.

05 dezembro, 2010

Dualidade

querido diário:
a dona de casa passa a manhã tocando oboé porque a empregada passa a manhã na cozinha. esta encantadora sentença ocorreu-me no outro dia, na verdade, há milhares de anos, quando eu morava em Floripa, no Morro da Carvoeira, quando saía de casa em meu potente automóvel Kadett, quando deparei-me com outros motoristas (male & female) também saindo de casa para trabalhar. não que eu seja dona de casa, mas observei dezenas de pessoas (mulheres) de aparência humilde descendo o Morro da Cruz (?), rumo aos empregos na Carvoeira. achei cruel, achei o fim da picada, não sabia que a saída estaria na instituição da renda básica universal.


não sabia muito mais do que sei hoje sobre oboé. sabia, talvez, sobre dualidades, minha crítica a Chico de Oliveira, talvez injusta, da crítica que ele fez ao pensamento dualista. injusta? talvez, repito, pois pode ser que ele apenas estivesse criticando visões recatadas, como a de Jacques Lambert, Roger Bastide, sei lá. no site (aqui), há mais sobre oboé. em meu site, há mais sobre mim (clique ao lado...).
DdAB

04 dezembro, 2010

Juro Zero

querido diário:
o jornal Zero Hora de hoje inquietou-me, mas Maria Izabel Hammes tudo salvou. explico-me. até ler a cronista econômica, eu estava nutrindo a sensação de ter esquecido tudo o que aprendi em matéria de ciência econômica. parecia que pode-se cortar juros como se corta um filé à mesa. o Programa de Metas de Inflação, no Brasil, parece ter dado certo, parece ter-se combinado com uma política de não-elevação exagerada do gasto público (la maquineta, como dizia meu professor Aaron Dehter). parece que houve um certo controle do famoso dragão, em virtude de diversas razões. ocorre que algumas das variáveis que foram transformadas em parâmetros e, depois, em constantes, deixarão de assim manter-se e seguirão variando como determina o próprio conceito.

por exemplo, a equação reflexa de S, ou seja, da função de poupança agregada da economia -por ser reflexa- reflete os desequilíbrios no lado da demanda real: consumo das famílias, consumo do governo e exportações. naturalmente, os preços adequados (nomeadamente, se não inovo, preço dos bens e serviços mercantis, preço dos bens públicos e preço das divisas). isto é contabilidade social, ou seja, rala teoria econômica, mas permite-nos ser analíticos. se não houver receita das famílias, tributos ou importações adequadas, eles vão colocar-se em desequilíbrio. e, claro, é proibido pela terceira lei da termodinâmica que haja desequilíbrio simultâneo nos três.

de sua parte, déficit nos orçamentos familiares se combate com menos gasto ou mais receita, déficit no orçamento governamental é combatido com mais receita pública ou menos gasto público. e déficit no balanço de pagamentos em conta corrente derruba-se com mais câmbio ou menos juros. só que, neste caso, o câmbio é inimigo da inflação, e, claro, os juros baixos também são. quer dizer, o governo não poderá fazer milagres. ou, por outra, um governo pode fazer alguns milagres por algum tempo, mas a lei da oferta e procura não pode ser revogada, feita letra morta, como é o caso da lei do orçamento público.
 agora, não sabemos se o Brasil também será salvo de barbeiragens de política econômica. agora está chegando uma daquelas horas de onças beberem água que não serve para provar nada de proveito para o mundo de falsificação de teorias. agora eu juro que haverá inflação. prá não falar do câmbio. e acho que a maneira de evitar é por meio da política fiscal: tributos. e não juros!
DdAB
quer o original da imagem? clique aqui.

03 dezembro, 2010

La Vie en Rose


querido blog:
dando continuidade a minha postagem de 31/ju/2010 (ver/clicar), o pessoal da NASA anunciou um poderoso indício em favor da confirmação da hipótese de que a vida resulta de um processo darwiniano de mutações pequenas e sucessivas resultante do mergulho de alguns elementos numa solução constituída por outros (elementos, claro, e não outros seres, sei lá. não quero falar sobre a origem do Universo Expandido, apenas da vida no Terceiro Planeta).

então voltei ao início e busquei no Google a expressão "que es la vida", que sabia caber a Calderón de la Barca. encontrei (e muito mais coisas no próprio site, claro, que não investiguei em detalhe):

La vida es sueño
¿Qué es la vida? Un frenesí.
¿Qué es la vida? Una ilusión,
una sombra, una ficción,
y el mayor bien es pequeño;
que toda la vida es sueño,
y los sueños, sueños son.

Mas, sea verdad o sueño,
obrar bien es lo que importa.
Si fuere verdad, por serlo;
si no, por ganar amigos
para cuando despertemos.

El traidor no es menester
siendo la traición pasada.

¿Qué os espanta,
si fue mi maestro un sueño,
y estoy temiendo, en mis ansias,
que he de despertar y hallarme
otra vez en mi cerrada
prisión? Y cuando no sea,
el soñarlo sólo basta;
pues así llegué a saber
que toda la dicha humana,
en fin, pasa como sueño.

Pues el delito mayor
Del hombre es haber nacido.
abcz

claro que o início da discussão sobre a confirmação de minhas hipóteses sobre a origem da vida requer (o que não fiz)  estabelecermos inequivocamente o conceito de vida. vida vidinha vidona. aquele troço que batizaram como GFAJ-1, que dizem ser uma bactéria (portanto, não é mineral nem animal, nem alga, fungo, líquen, briófita, pteridófita, gimnosperma ou angiosperma...), foge à cadeia que aprendi como sendo fundamental: CHON - carbono-hidrogênio-nitrogênio-oxigênio. desde que me graduei em Biologia, pelo  Prof. Layr Ceroni e pelo Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, já aumentou: CHONPhP, ou seja, foram acrescentados o fósforo e o potássio. claro que alguma coisa a mais do que me foi ensinada já se sabia naquele tempo, na fronteira da ciência, já se sabia de coisas sobre o DNA e muito mais. seja como for, entendo que hoje o leitor culto já deve saber que a cadeia básica não é mais CHON, mas CHONPhP, não é isto? pois agora surgiu nossa querida Gefaje dizendo-se portadora ade uma cadeia CHONAsP. ou seja, o fósforo foi trocado pelo arsênico.

claro que minhas investidas sobre aquele negócio de mergulhar metais pesados num meio líquido mais leve do que eles (em nosso caso, carbono, nitrogênio, fosfto e fósforo) e obter moléculas que se autorreproduzem não é ideia totalmente minha, mas veio das leituras que faço há 20 anos de Richard Dawkins (por influênica do colega oxfordiano Zé Roberto, que veio a revelar-se estudioso do comportamento de capivaras em Marajó). mas Dawkins disse mais: que, para termos chegado onde estamos, não bastaria apenas um início de vida, mas dois (eu ia dizendo 'pelo menos dois', mas não lembro se ele assim falou). mas ele falou, na verdade, de um nível ainda mais básico do que a própria CHON.

claro que também entendi que a bactéria que a negadinha pegou tinha a cadeia de sete elementos: carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio e arsênio. eles tiraram todo o fósforo e deixaram apenas o arsênio, aumemtando-lhe a concentração. quer dizer: não existe nenhuma forma de vida original conhecida com puramente esta nova cadeia de seis elementos (menos fósforo e mais arsênio). no laboratório, encontramos coisas esdrúxulas, fruto del cerebro humano, como diria Calderón de la Barca, se lesse meu blog e conversasse comigo a respeito desta parte anatômica tão pouco desenvolvida pelos filhos dos políticos... (você é filho de político? então não fuja da escola!).

claro que alguns estão dizendo que não tivemos um ancestral, mas dois. em certo sentido básico, acho que a Gefaje não diz nada disto. ela pode perfeitamente ser tão distante de nós humanos quanto um gorila de um de nossos ancestrais chimpanzés. e claro que a incorporação do arsênico ao sexteto pós-ceroniano e seu rebaixamento de hepteto a um novo sexteto, inclusive portando a toxicidade do arsênico, sei lá, das águas do lago americano. lá tem tudo. segundo Monteiro Lobato, deu petróleo bem ao lado do ferro! hoje em dia tem a própria Antoaneta Melnikova-Hillman (ver o link abaixo).

claro que, eu meu modo de ver, este achado e experimento de laboratório apenas apontam para a intuição básica de Darwin: a evolução é a lei fundamental que rege o funcionamento de todo o Universo Conhecido. há poucos dias, ouvi dizer que já se sabe de coisas que ocorreram antes do Big-Bang (algum fofoqueiro, por suposto...). volta Dawkins: os baby-universes do livro sobre a história da evolução. estamos em um universo que evoluiu de algum blim-blim-blim que por seu turno terá evoluído de outros blim-blim-blins que forçaram precisamente alguns desdobramentos que geraram precisamente o que testemunhamos e muito mais. 

claro que, por fim, começo a entender o que quer dizer "infinito". significa que talvez exista em algum canto do Universo o elixir da felicidade (de Assis Valente?, volto a tornar-me natalino?) e que nunca tenhamos acesso a ele. ou -por contraste- ele -elixir- está aqui mesmo, às margens do Rio Guaíba.

finale: a imagem de hoje é muito especial. achei-a simplesmente ao procurar, como quase sempre, o título da postagem. no caso, procurei "vida linda" e achei coisas que não me fascinaram. passei a "vida linda, que mais te faço minha", sei lá. tampouco. aí estalou-me Edit Piaf, La Vie en Rose. achei este/clicar. pessoa, indivíduo. cidadão, cara, bicho, gente! é um site absolutamente extraordinário. acabo de fazer o link para o blog:/clicar. clicou? leu? a Bulgária está definitivamente na moda!
DdAB

02 dezembro, 2010

Quatro Patinhas e Egoísmo Racional

querido diário:
ontem postei rapidamente sobre a teoria das quatro patinhas à propos de uma crônica de dias atrás de Martha Medeiros em Zero Hora. ando tão atarefado -reclamei- que nem pude postar no outro dia algo aparentado. trata-se do artigo de Flávio José Kanter, na p.22 (23/nov/2010), intitulado "Quem é Responsável por sua Saúde?". sem maiores delongas, vou a seu finale:

Concluindo, cito o sábio Hilel: 'Se não eu por mim, quem por mim? Se eu for só por mim, quem sou eu? Se não for agora, quando?"

gostei muito desta formulação. em primeiro lugar, acho que devemos manter as quatro patinhas no chão, ou seja, nosso descolamento da realidade deve ser eivado de precauções, que o ambiente nefelibata é bastante escorregadio. há rasteiras (passapés) por todo lado. ao mesmo tempo, não há razão para não 'arrancarmos alegria ao futuro', especialmente o futuro que podemos associar com nossos pósteros. não há razão para egoísmo predador, pois o significado da história é precisamente a preparação de heranças para as gerações que se sucedem no rumo das estrelas.

boa parte da modelagem econômica diz que o indivíduo é egoísta e o cidadão é altruísta.
DdAB
imagem: veio daqui. além deste yin e yang, achei referência a Jekill e Hyde e outras complementações. egoísmo e altruismo são modelos interessantes de descrição das polarizações humanas. e, obviamente, como todos os demais modelos, são peças de ficção. como disse Negroponte: "não sei o que você entende por realidade".

01 dezembro, 2010

Quatro Patinhas em Nova Formulação

querido diário:
quase não posto hoje. ando ocupado como nunca, ou como quando ando ocupado. até ligeiramente menos... seja como for, o assunto tem diversas abordagens ou citações aqui por este blog, como é o caso da que você vê se clicar aqui. e o que me tráz aqui é a frase que li na coluna de Martha Medeiros de Zero Hora de hoje. pensei em enviá-la ao filho que não tive: Vinicius Valent. diz ela,digo-lhe a ele eu:

Troquei sonhos por objetivos e decretei que só a realidade me serviria.

exemplar, né, meu caro Watson? foto daqui: click in here!
DdAB