02 maio, 2010

Anistia da Carta

querido blog:
ontem, ao receber a "Carta Capital" n.594, com a data que tento tornar famosa (cinco.cinco.dezoito.dezoito, Marx' birthday), vi no frontispício o seguinte negrito: "Anistia" e em texto padrão "O Supremo Tribunal consagra o general Golbery" e à direita destes dizeres suspeitos uma foto do próprio Golba, oclinhos escuros e um certo biquinho de quem fala francês. pensei: esta não perco, quero ver o que o dono da revista, o jornalista Mino Carta, ou muito me engano, tem a dizer sobre este assunto.

não me enganei. na p.16, no Editorial 1, Mino Carta escreveu pilhas sobre o Golberi, o STF, a Lei da Anistia, o Brasil, a OAB, o Castello Branco, o Geisel, o Costa, o Rei Artur, não não era o Costa, apenas seu prenome... às linhas tantas, vemos "O voto do STF agrada aos candidatos Dilma, Serra e Marina. Não há um, um somente, que se queixe". para mim, Marina não existe e a chapa Serra-Dilma é chapa branca mesmo. e, como sabemos, odeio chapas brancas, mas acho que este negócio de luta ideológica é fumeta. por interessante que seja, às vezes gosto das tiradas do Mino, como gosto das do colunista e ministro de alguns dos presidentes acima citados, Antonio Delfim Neto. e daí? vem mais: "O que move os senhores da corte, da política, da mídia? O inesgotável medo do retrocesso ou a inesgotável vocação conciliatória?" acho que há mais opções para um vestibular: a idéia de que o troço era mesmo amplo, geral e irrestrito, o sentimento de que estávamos apenas buscando a promoção pessoal de uns destrambelhados que não tinham mais nada a argumentar a favor da execução da lei do orçamento público, a visão de que -de sentimento- o Exército Brasileiro fuja para os países estrangeiros, sei lá.

vem mais: "[...] nada se constrói a caminho da contemporaneidade do mundo sobre alicerces podres." disto penso o seguinte: é mesmo, e isto nada tem a ver com esta bobajada de supremo tribunal federal, batistes (também citado pelo Mino) e anistias. tem, ao contrário, com a administração da justça que, cá entre nós, no Brasil dos R$ 27.000 está mais longe do que o cinturão de asteróides supra-plutônicos. como sabemos, defendo a extinção do poder judiciário, do senado federal e dos estados. precisamente para podermos voltar a ter alguns resquícios de justiça no Brasil. fora a ideia um tanto audaciosa de conveniar a Corte Internacional de Haia, a fim de tornarmo-nos independentes da incompetência distributiva, o que -naturalmente- tudo tem a ver com a sociedade injusta.

diz Mino, finalmente, que Raymundo Faoro, "então presidente da OAB", mostrou-se publicamente contrário a "[... uma lei destinada a envergonhar qualquer país aspirante à democracia." acho que o que envergonhou o país foi a tortura e não a lei, o que envergonha o país é a tortura e não a lei. ainda temos tortura de presos comuns, ainda temos a tortura doméstica, sobre a mulher, sobre a criança, sobre o marido. e a miséria das ruas, das casas. e o roubo dos políticos, das carteiras, das licitações. e a inexistência de uma lei que discipline as receitas e os gastos públicos. cá entre nós, querer condenar o Dr. Getúlio Vargas porque no governo dele prenderam o Dr. Luiz Carlos Prestes já é exagero. e que dizer da macacada que enforcou o Dr. Joaquim José da Silva Xavier? get serious, Mino!
DdAB
foto: http://www.bahianoticias.com.br/fotos/editor/Image/gazabombardeio_ap.jpg.
sobre a captura da imagem: procurei: "anistia" e vi milhares de "ampla, geral e irrestrita". não achei nada que realmente me agradasse, que espelhasse meu desalento com a insistência em achar que sairia algo de útil desta campanha.

2 comentários:

maria da Paz Brasil disse...

Oi, DdAB!

...O problema da Carta Capital é a falta de consistência do seu dono. Mino Carta sempre foi reticente e escorregadio. Acredito que isto vai ficar claro se a candidata de Lula não levar a melhor na próxima eleição.
MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

oi, MdPB: è vero! e aí também quero ver como ficará o "Retratos do Brasil", que enturmou no tecido adiposo da "Carta" e, como tal, da propaganda governamental.
DdAB