12 abril, 2010

Produtividade & Bitols

querido blog:
que seria dos Bitols sem os Beatles? Os Bitolados? OsBesouros Andarilhos? muitas divagações. na verdade, nem sei muito bem quem são os Bitols, apenas os vi citados na p.4 do Guia Hagah! de Zero Hora. mas a internet está cheia de respostas a pedidos de imagens com estes simples seis dígitos. tá na cara que, ao terem feito precisamente o que fizeram, e poderiam ter feito ligeiramente diferente, com resultados ligeiramente idênticos, os Beatles elevaram a produtividade do trabalho de todo o mundo, inclusive dos rapazes que neles se inspiraram e, talvez, em selos de "bitolados" para criar o nome do conjunto, conjeturo. eba! fazia tempos que eu não fazia frases com a que fiz neste tempo.

agora, mais interessante é a questão simétrica: que seria dos Beatles sem os Bitols? primeiro pensei nisto, e a resposta é uma das características fundadoras da vida moderna, nomeadamente, as economias de escala. sem milhões de fãs, não haveria vendas milionárias da parte dos Beatles. isto é meu aprendizado com Samuel Bowles, o maravilhoso livro de microeconomia de que falo sempre que me levo a sério...

naturalmente, para um economista de meu porte, id est, permanentemente preocupado em entender os vínculos distributivos de tudo o que ocorre na esfera econômica doPlaneta Terra, o que interessa saber é: qual a participação que eu deveria ter nos lucros dos Beatles simplesmente por tê-los amado, mas -mais que isto- por -em tendo-os amado- ter ajudado a alavancar suas vendas, as vendas de suas camisas, as vendas de seus CDs piratas, epa. quanto eu deveria receber na hora da distribuição dos ganhos de produtividade de uma rede simplesmente por dela participar. desde que passei a declarar-me "economista político", tenho claro que nem tudo o que é relevante no processo de escolhas econômicas está "resolvido" pelo mercado. ao contrário, o simples "livre jogo das forças de mercado" esconde interesses às vezes irrelevantes (tá bem assim, deixa os Beatles ricos e a menina Taiana morta) e outras vezes interesses pedindo regulamentações por parte da comunidade (ou do -temo falar, dada a ladroagem universal- estado).

ao começar a postar, dei-me conta de que busquei uma inversão de causalidade que aprendi ao ler o romance "Small World", de David Lodge, há milhares de anos. ele Lodge disse algo como a forma com que os modernos influenciaram a leitura de Chesterton, Shakespeare, Chico Xavier, sei lá, pode ser vista como uma chave para entendermos os acontecimentos contemporâneos, sei lá.
DdAB
[fonte da ilustração: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir36th8kC1Dl98-MQsmEl9bm4ogIwlFbBLjSovfCsge9n4dChoQFwjDtOWt9B8BzHhIjXszQGpHmQsTdqmuqmJHaZ1L4E0AiVj1KQm53-50wESf9yoCMrJOsgJ04cUm6QK3chU4Fyj7Ns/s1600/arte_impresso_m%C3%ADdia.jpg]

2 comentários:

Sílvio e Ana disse...

Acho que a tua participação no lucro dos Beatles deveria ser grande. Tá certo que tu não tocava nem cantava, mas quem é que escrevia as letras?
(Sílvio)

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

ei, Sílvio:
este é exatamente o ponto. se eles usaram a humanidade e a bicharada para se inspirarem nas letras, é claro que sou responsável, pois sinto-me, racional ou não, completamente animal...
DdAB