06 abril, 2010

Aecinho e os mandatos de cinco anos

querido blog:
comparado comigo, Aecinho é um menino, digo, em termos de vitalidade, combatividade, vida noturna, idade, essas coisas perfeitamente mensuráveis pelas escalas de medida mais rigorosas. temos em comum, ele, eu e a torcida da dupla Atlético-Cruzeiro, uma preferência acentuada por pães de queijo, o que me deixa de água na boca com esta postagem, digo, com os pães de queijo acima definidos...

pois, de volta a Porto Alegre, ainda não pude desvencilhar-me dos problemas que me acompanham com a mudança do fuso horário, os compromissos iniciais da chegada e, sobretudo, o fato de que ainda não me desvencilhei de preocupar-me com a bagagem extraviada pela Air France, mas que foi localizada por eles e, por mim, ainda segue desvencilhada.

não é que ontem eu iria fazer uma postagem comentando um nome de gente com um prenome e, pelo que contei na notícia do jornal Zero Hora de domingo, uns 35 sobrenomes de gente ilustre e outros nem tanto (por exemplo, havia um ancestral Almeida, o que me levou a pensar - dados os milhares de ancestrais ilustres, além do indigitado - que se trataria de Manoel Antonio de Almeida, ou algum general...) e extasiando-me com a profissão que vi atribuída a uma jovem de 25 anos (ou eram 26...): turismóloga. com esta dos turismólogos, achei que perdera meu tempo quando dera aulas de introdução à economia para estes futuros profissionais, chamando-os simplesmente de estudantes...

e não é que, neste clima, dei uma olhada na postagem imediatamente anterior a esta e deparei-me com as declarações de Aecinho sobre a política brasileira e em particular a duração dos mandatos de cargos eletivos. fiquei a pensar o que dizer de alguém que, desde 1989, é favorável a mantatos eletivos de cinco anos e depois de alguns anos acha que a posição antagônica a sua é irreversível.

fico em dúvida sobre qual será o tipo de mecanismo que o subrinho do homem considera ter entrado em ação, no Brasil, para que seja tão esmagador o apoio à idéia de mantatos eletivos de quatro anos, com direito a diferentes níveis de reeleições. e seria o caso de falarmos mais nas possibilidades de reeleição:
.a. neguinho se elege para vereador (como foi o caso do ex-governador Jayr Soares) e, dois anos depois, se elege deputado estadual; dali a quatro anos, então já são seis, elege-se novamente para deputado estadual. fecham-se 10; garra eleição para senador, passa a 18 anos de mantatos remunerados ininterruptos. neste integregno, também pode ter garrado umas cinco ou seis aposentadorias. seja como for, reelege-se senador, vamos a 24. desiste na metade do caminho, retornamos a 20, mas elege-se deputado estadual novamente, para dar lastro a candidaturas de amigos de seu partido.
.b. neguinho se elege vereador, quatro anos, elege-se prefeito, mais quatro; reelege-se, fecham-se 12; renuncia nos seis meses anteriores, caímos a 11,5, mas candidata-se a deputado federal, passamos a 13,5.
.c. juízes de direito, os de tamanho 27 (ou seja, que recebem R$ 27.000 mensais), que se elegem privilegiados e detêm cargos vitalícios. não contentes com isto, elegem também seus filhos, netos, esposas, esposos, parentes, amigos, eleitores, como detentores de cargos nepóticos, com direito a sucessivas reeleições, ad infinitum.

e eu penso que o pior mesmo será o mundo regado a chineses e indianos. e, ao dar-me conta de estar pensando nisto, penso que posso estar pensando coisas pesadas porque já comecei a temer os assaltos brasileiros novamente, ao caminhar nas ruas, ao ver-me trancafiado em minha casa, com grades e auxiliares de segurança. claro que penso que, se Aecinho vier a eleger-se e reeleger-se presidente da república, tudo pode mudar ou todo pode permanecer intocado.

o que agora me dá alento, dada a inevitável vitória da chama branca Serra-Dilma é que Henrique Meirelles e -com ele- o FMI podem reeleger-se como tutores da brasilidade.
DdAB

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