19 março, 2010

Fazer Economia

querido blog:
entre terça e quarta-feira, passei umas 18 horas na República de San Marino, dormindo (o Brasil em seu leito esplêndido e eu num hotel) algumas delas... seus 60km^2 confrontam com os 450 (oslt) de Porto Alegre, seus 30 mil habitantes confrontam com os tipo 35 mil do Bairro Menino Deus. claro que isto levou-me a pensar no "estado mínimo". sou municipalista, acho que o Planeta Earth (e suas sedentárias 24 horas) deveria organizar-se e constituir uma federação de municípios independentes livremente associados. e, em minha opinião, o Bairro Menino Deus e, em especial, a turminha de perto da Praça Estado de Israel, deveríamos declarar nossa independência (ou morte?; não, claro, ou vida e mais vida etc.). qual seria o limite mínimo para a área de um município. ainda não pensei nisto, mas não veria problema em declararmos minha casa um município independente, livremente associando-me aos vizinhos respeitadores de minha liberdade. ok, enough para a filosofia política.

mais sério ainda é o que segue sobre economia política e suas inserções em nossas vidas. claro que a primeira forma de inseri-la é estudá-la. obviamente, manter laços com o mundo econômico nada tem a ver com economia política. dizemos "estudar economia", escondendo a ambiguidade do termo: estudar uma ciência que estuda um ambiente, o econômico. além da ciência econômica, já cataloguei milhares de outras ciências. analogamente, além do ambiente econômico, já cataloguei milhares de outros ambientes frequentados por seres humanos, israelitas e palestinos, sanmarinenses e meninodeusinos. outras ciências? antropologia, botânica, contabilidade, dentística restauradora, e por aí vai. outros ambientes? o religioso, o artístico, o esportivo, o educacional, e por aí também vai...

pois quem quiser estudar economia política deverá saber o que é fazer economia. no Brasil Contemporâneo, é enrolar-se numa faculdade e pagá-la regularmente e receber do Sr. Martinho da Villa um canudo de papel. por isto, gostaria de lembrar as jovens gerações que buscan neste blog conforto para suas indecisões profissionais o que me levou a estudar economia. foi o entendimento de que fazer economia era o que mamãe fazia quando me dava apenas meio bife no almoço...

mas outras razões também levaram outros gulosinhos a estudarem esta controversa ciência. a filha de um daqueles velhinhos disse-lhe que "economia é meu pai brincando com aqueles papéis e desenhos". outro rapaz, mais pragmático, disse que economia é aquilo que os economistas fazem. por pragmático que eu mesmo seja, achei de pouco proveito esta definição, pois -com isto- não sei se o que faço é economia ou se não sou economista, logo eu que acabo de pagar um dinheirão para poder usar uma carteirinha de economista...

o animador de televisão Abelardo Jurema teria dito a um rato de biblioteca que "economia é a base da porcaria", o que ressoaria nas estradas de Santiago do Boqueirão com a versão de "atalho dá trabalho". por seu turno, nesta linha de argumentação, não estamos distanciados do problema da escassez, o que nos força a filosofar (era filosofia política ou economia política?) embalado no tango de Enrique que queremos ouvir "el que no llora no mama". e ainda no samba bam-bam-bam "quem não chora não mama, segura, meu bem, a chupeta". uns troços assim.
DdAB

6 comentários:

Sílvio e Ana disse...

Por que parar no bairro como "estado mínimo"? Ou nas casas das pessoas? Por que não continuamos até que cada pessoa seja um estado com suas próprias leis? Cada estado teria o seu tradicional time de resta-um, acabando com as rivalidades futebolísticas dentro de cada unidade. Seria mais fácil, também, visitar outros estados: "Hoje vou a Duilio City", por exemplo. Cada ideia.
Mudando de assunto: a tua mãe te dava meio bife mesmo? Que sortudo.
(Sílvio)

maria da Paz Brasil disse...

Oi Sr. DdAB, pra mim, estudar economia é começar a entender: um pouco, alguma coisa, quase nada e quase tudo de quase tudo que a gente vê. Afinal todas as guerras podem ser explicadas pelo ângulo da economia e, toda tentativa de entendimento em busca da paz, tambem.Puxa... isto é megalomania profissional...
Ei, também sou municipalista!

Tambem já ganhei meio bife e em outras situações saía um omelet de sardinha - geralmente na sexta-feira.Sortudos!!!
MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

amada/o:
por razões zodiacais, um certo banzo abate-se sobre mim, é a perspectiva da volta. é o estancamento do presente, esperando pela chegada de mais um futuro. por razões zodiacais, o que eu vim buscar aqui não foi encontrado em sua plenitude. mas acho que encontrarei, inapelavelmente, ao voltar.

neste clima, ambos os comentários fizeram-me rir, rir, rir e dizer-me muito feliz! e louco para visitar duas cidades: SdS e MdPB!
DdAB

Anônimo disse...

Acho poucas as definições para o que é fazer economia. Não me envergonho em dizer que não sei, pois conheço brilhantes economistas de prêmbio Nobel que também não sabem.

Não gostaria de uma Estado minimo reduzido ao individuo, pois seria um Estado nada, uma anarquia selvagem.

Mas sou contra ao Estado paizão que não me deixa voltar pra casa depois das dez.

DSC

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

é, Daniel! eu também. meu resumo é dado por Sílvio e Ana: cada ideia. e andei olhando as tropelias de um estado máximo, como o da Coréia do Norte, o que me leva a ter muito medo da dupla Dilma-Serra!
DdAB

Jorge Ramiro disse...

Claro, concordo com tudo o que foi dito na nota e também os comentários aqui. Você não pode viver em anarquia, mas não com um estado que restringe todos. Eu sou um especialista em dentistica. O próximo passo é que não vamos ser capazes de escolher o que estudar, como se vestir roupas, etc