06 dezembro, 2009

Drogas Recreativas para os Presidentes

Querido Blog:
Todos sabem o apreço que tenho pelos presidentes da república do Brasil, de FHC a LILdS. As críticas acres que às vezes lhes endereço devem ser entendidas apenas como incentivos para sua ainda mais espetacular prática do bem. Nem todos sabem que vemos na foto acima o que capturei do Google Images com a busca "droga recreativa". Vemos, além de -para mim-, ininteligíveis ideogramas, folhas do cânhamo e badges as mais variadas.

Por outro lado, Zero Hora de hoje publicou na p.13 um artigo de FHC, intitulado "O Desafio das Drogas". Sensato o príncipe dos sociólogos, exceto quando trata da política contemporânea do Brasil, assunto em que sua empáfia não o deixa entender que o LILdS é mais político do que ele, ambos tendo enriquecido por exercerem com exação seus notáveis dotes de empresários schumpeterianos (terceiro tipo classificado por Baumol), se me faço entender.Vou fazer um resumo, em forma de diálogo do FHC com DdAB:

FHC: Um dos temas mais difíceis do mundo contemporâneo é o que fazer com o uso de drogas.

DdAB: tá certíssimo.

FHC: [...] o uso de drogas se disseminou em vários níveis da sociedade, com motivações hedonísticas [...]

DdAB: tá certíssimo, só que, além das motivações hedonísticas de uma meia dúzia de indivíduos hedonistas, há bilhões de viciados por loucura ou incúria. No primeiro caso, a origem é familiar etc., ao passo que no segundo, ela é eminentemente social. Sem emprego, tem gente que vai para o mercado informal. E daí para o mal (não confundir com o MALA*). É fundamental reconhecer no grupo dos hedonistas o direito ao consumo recreativo, como aprendi com Richard Layard, pois já o reconhecemos para jogos, cafeína, sapatos, automóveis e tantos outros objetos de colecionismo.

FHC: Até agora, a estratégia dominante tem sido a chamada “guerra às drogas”. Foi sob a sua égide, sustentada fundamentalmente pelos Estados Unidos, que as Nações Unidas firmaram convênios para generalizar a criminalização do uso e a repressão da produção e do tráfico de drogas.

DdAB: os Estados Unidos e sua ampliação a ONU são sabidamente estranhos. No primeiro, o fracasso da lei seca foi um incentivo para o crime organizado. Na segunda, não podemos falar em sucesso esse negócio de nações unidas, pois o problema é que o estado nacional acabou e a ação coletiva ainda não conseguiu mobilizar-se. Tem que criar estratégias “ganha-ganha”.

FHC: Decorridos 10 anos, [...]de “guerra às drogas” [...n]ossa conclusão foi simples e direta: estamos perdendo a guerra [...].

DdAB: Há semanas li uma brilhante reportagem sobre o tema em Carta Capital! E é isto mesmo, FHC!

FHC: [...] em lugar de teimar irrefletidamente na mesma estratégia, que não tem conseguido reduzir a lucratividade e consequentemente o poderio da indústria da droga, por que não mudar a abordagem? Por que não concentrar nossos esforços na redução do consumo e na diminuição dos danos causados pelo flagelo pessoal e social das drogas? Isso sem descuidar da repressão, mas dando-lhe foco: combater o crime organizado e a corrupção, ao invés de botar nas cadeias muitos milhares de usuários de drogas.

DdAB: não mudam a abordagem por moralismo, burrice e interesses escusos, um trio de respeito.

FHC: Em todo o mundo, se observa um afastamento do modelo puramente coercitivo, inclusive em alguns Estados americanos. Em Portugal, onde, desde 2001, vigora um modelo calcado na prevenção, na assistência e na reabilitação, diziam os críticos que o consumo de drogas explodiria. Não foi o que se verificou. Ao contrário, houve redução, em especial entre jovens de 15 a 19 anos. Seria simplista, porém, propor que imitássemos aqui as experiências de outros países, sem maiores considerações.

DdAB: Portugal, hein? diziam que os portugas são burros, mas estamos levando um vareio. Acho que os portugueses têm muito maior produção intelectual do que o Brasil com um vinteavos da população local.

FHC: [...] Enquanto houver demanda e lucratividade em alta, será difícil deter a atração que o tráfico exerce para uma massa de jovens, muitos quase crianças, das camadas pobres da população.

DdAB: claro, né, meu? e a saída é criarmos logo a Brigada Ambiental Municipal, complementando substantivamente os valores da renda básica universal. Bota a negadinha a estudar, fazer exercício físico e trabalho social. Ganharás empresários, atletas e humanistas. E por que que tu não fez isto no teu governo?

FHC: [...] por não “abrir o jogo”, como fizemos com a aids e o tabaco, não só por intermédio de campanhas públicas pela TV, mas na conversa cotidiana nas famílias, no trabalho e nas escolas? Por que não utilizar as experiências dos que, na cadeia ou fora dela, podem testemunhar as ilusões da euforia das drogas?

DdAB: o aborto também, a gravidez indesejada, tudo, tudo, tudo resolve-se com mais liberdade, mais informação e não menos. Só o Duilho Médici pensava que pau nos pobres resolve!

FHC: As experiências mais bem-sucedidas têm sido as que vêm em nome da paz e não da guerra: é a polícia pacificadora do Rio de Janeiro, não a matadora, que leva esperança às vítimas das redes de droga.

DdAB: é mesmo o príncipe dos sociólogos, não é? o problema dele é que, na maior parte do tempo, ele só pensa no passado ou no Lula e não no futuro.


FHC?
DdAB!

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