29 junho, 2009

Flávio Tavares, bovinos e jornalistas

Querido Sr. Blog.
Esta imagem, pelo que busquei no Sr. Google Images, é de Flávio Tavares. Pintor nordestino? Julguei -apressadamente?- pelo chapéu de couro do rapaz que sustem o focinho do bovino. Ou da bovina, caso queiramos, sabe-se lá. Ele é homônimo, para mim desconhecido, de Flávio Tavares, jornalista e escritor, que, à p.15 de Zero Hora de ontem, escreveu o artigo "Conversas de cozinha".

Lá nele se lê:
Exerci atividades em jornal, rádio e TV no Brasil, México, Argentina e na Europa desde 1955. Formei-me em Direito na PUC, em Porto Alegre, e cursei Biologia na UFRGS. Não tenho diploma de jornalista, só registro profissional. Em 1963, integrei o grupo da Universidade de Brasília que criou a Faculdade de Comunicação de Massas, extinta em 1965 pela ditadura, pois “massas” era termo “subversivo”.

Sou crítico do atual currículo e metodologia das faculdades de Comunicação. Boa parte delas são “acacianas”, com balofa pompa, em que ditam regras especialistas que jamais entraram num jornal, rádio ou TV.

Por isso, sinto-me à vontade para discordar da decisão do Supremo ao abolir a exigência de curso superior de Jornalismo. Mesmo deficientes, as escolas de Jornalismo conseguem dar rumos e os talentosos aparecem.

Sem exigência de diploma, as escolas atuais tendem a desaparecer, com o risco de que, amanhã, jornalismo vire conversa de cozinha.

Non sequitur, não é mesmo? Claro que pode ser falha minha induzir meu leitor (não o dele) a pensar que a conclusão não segue do parágrafo que comecei a citar. Ou seja, você pensa que Flávio Tavares, jornalista e escritor -não confundir com o pintor- recebeu com entusiasmo a notícia do desatrolho regulamentativo prolatada (eu disse "prolatada" mesmo) poder judiciário, em caráter -ouço também- irrevogável. Terei lido que o ministro que encaminhou o parecer que, enfim foi aprovado, comparou jornalismo com culinária: pode-se fazer bom jantar e boa notícia sem ser formado. Claro que o articuliasta tem uma visão autoritária do funcionamento do mundo, em que os diplomas (com sua exceção, evidentemente) garantem formação profissional de escol. Não seria bem isto o que ele quereria dizer.

Finalizando: leio, como sabemos, Zero Herra regularmente. Como sabemos, o articulista escreve assinadamente todos os domingos na página ímpar que confronta com os editoriais da página par. Como sabemos, leio-o menos do que regularmente, pois considero seus textos um tanto enfadonhos. Parece evidente que um bom cozinheiro não é proibido nem de ler sobre culinária nem de atender a qualquer faculdade que ensine o que é sal, o que é panela, o que seja... E a faculdade de marcenaria? E a de lavação de escadas? E a de lavação de área de serviço? E a de dirigir automóvel? E a de dirigir bicicleta? E triciclos? E escovar os dentes? Amarrar sapatos? Cara, será que ele -o articulista, que todos sabemos o ministro Gilmar Mendes ser mesmo- é louco? Ou loki, como se diz atualmente? Não me parece que lhe falte o diploma, mas inspiração ([...] as escolas de Jornalismo conseguem dar rumos e os talentosos aparecem [...]). Não parece ser sua mala, ou melhor, doesn't appear to be his case. Conversa de redação, conversa de cozinha e conversa de bar requerem bons interlocutores para serem interessantes. O jornalista e escritor Tavares é que parece portar uma visão de mundo que dá certo toque de Midas às avessas no que problematiza por meio da escrita.
DdAB

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