20 março, 2009

Cachorro Ladrão

Querido Blog:
Esta postagem pouco ou nada tem a ver com o Presidente Lula, mas que a foto é boa lá isto é! O Lula, uma dama das classes menos favorecidas (sobraçando uma picanha, ao que parece), um rapaz fotografando-o em seu telefone celular, que mais vejo? Uma faixa com dizeres brancos em que se lê: "Cachorro comedor de ovelha? Só matando!". Depois dela, nitidamente um conjunto habitacional muito charmoso. Lula sem gravata? Fraque preto? É Belo Horizonte ou Mata (do RGS, com 10.000 almas, inclusive algumas penadas ou emigradas)?

Pois por pensar em ladrões, inovações institucionais, mata-cachorros, os programas pró-pobres do Presidente Lula para o Brasil (em minha opinião, na verdade, o programa do FMI para os países de quem ele se tornou proprietário por, digamos, aparato ideológico), cachorros, ovelhas, abigeato, essas coisas é que decidi comentar a notícia da p.45 (Polícia-ZH), dando conta de que o encarregado de evitar furtos numa das lojas do Supermercado Carrefour portoalegrense tomou a liberdade de -lui même- passar a mão num pedaço de vaca morta, sem passá-lo pela caixa registradora.

Que pode um economista político de meu porte dizer sobre isto? Primeiro: não era tema de -digamos- copa e cozinha do Carrefour? Não, tanto é que Zero Herra -sempre ela- achou por bem divulgar o feito, para dissuadir fiscais das empresas de fazerem o que alguns chamariam de "justiça distributiva". Ontem revelei meu eterno amor por Samuel Bowles, complementando-o pela revelação de hoje, da dupla H&V (Hargreaves-Heap e Varouvakis, mas também dos demais autores do livro "Theory of Choice"). Pois hoje revelo que sigo procurando o meio mais econômico de salvar o mundo.

Fi-lo, diriam os finados membros letrados da Academia Brasileira de Letras (Costa e Silva? Machado de Assis?), durante minhas pedaladas no sempre tolerante Parque da República Popular do Marinha do Brasil, um sítio territorial que usarei -literariamente- para ambientar um romance que estou escrevendo sobre a mudança institucional baseada nos princípios que ontem trouxe à consideração da audiência.

Que deveria ser feito com qualquer ladrão, inclusive o Dep. Prisco Vianna, o Sen. Renan de Deus Calheiros (ou era Alceu de Deus Collares, e o Renã nada tem de sagrado?), o filho (Fábio) e o irmão (Vavá) do Pres. Lula, os governadores pregressos e progressos do Rio Grande do Sul -exceto, claro, a Profa. Yeda, que não é governador, mas governadora...- os donos escravos recentemente descobertos no estado do Pará ("onde vamos pará?", disse a respeito a respeitada jornalista Lourdette Hertel), o Gov. Adhemar de Barros? Epa, a lista não acabou. E o Pres. Nixon, o Reagan? O Busch I e o II? O Carter, o Clinton? E o R. Oba Ma S. Faz? Ok, e os executivos da Exxon que subornaram Bush? E os executivos de Sei-lá-que-Banco que acabam de distribuir pilhas de dinheiro a sis (Assis fora?), dinheiro roubado? E todos os ladrões acoitados por coivaras sei lá?

Costumo dizer que há inomináveis ironias no funcionamento da sociedades monetárias contemporâneas. Primeiro, que me interessa referir, a dimensão "mercado" é a mais eficiente na geração de incentivos, logo a mais "popular". Segundo, só existe mercado porque existem custos de usar o... você adivinhou! O mercado! Se não existissem custos de usar o mercado, não existiria a firma, instituição extra-mercado que solidifica as demais instituições que o antecederam -ao mercado- e tudo estaria nas mãos de uma enorme firma (ineficiente, I presume), como quase foi o caso do filme Rollerball. Terceiro, também existem falhas de mercado, o que requer que a provisão de determinados bens e serviços seja provida pelo estado ou pela comunidade.

Mas a firma também -além de usar a hierarquia e não o mercado para tomar decisões- tem lá seus probleminhas que já referi: funcionários ladrões e gerentes ladrões. Não estamos falando de políticos ladrões. Nem de -deixemos o onirismo de lado- líderes comunitários ladrões, como foi o caso do Dr. Aderbal Castor de Andrade, banqueiro credenciado pelo FMI para manipular apostas no Brasil há alguns lustros. A ocasião faz o ladrão. Se a matriz de payoffs do jogo é tentadora, quem não trai seu parceiro é trouxa, sucker, meu chapa, sucker. Mas 40% das pessoas comprovadamente não se declaram trouxas e não traem do mesmo jeito. E como induzir a honestidade?

O colega Karl Marx (no sentido de ter feito estudos especializados em Berlim -estou tentando rastrear a referência, pois decidi que agora é questão de vida-ou-morte para mim encontrá-la (em inglês, português, sei lá, que fujo do Alemão como a luz fugia de Goethe durante alguns segundos, os últimos) disse-me certa vez que produziu alguns escritos sobre "problemas contemporâneos" ao ser levado a comentar sobre o roubo de madeira na Floresta Negra, ou Bauhaus, Spandau, um troço destes.

Em minha modesta visão da República Popular do Parque do Marinha do Brasil, a Brigada Ambiental Mundial irá resolver todos os problemas da vida societária, ou melhor, todos os problemas que nem o mercado nem o estado revolvem de modo adequado aos interesses comunitários. Ou seja, um garoto preso por roubar picanha dentro do supermercado que ele estava sendo pago pela CLT para vigiar precisa:
.a. ver a CLT revogada
.b. indagar se o flagrante foi forjado
.c. levar uma bronca da mãe dele (segundo a notícia, uma garota de 45 anos) e, se não tiver pai, sabe-se lá por qual tipo de capricho genético, ter um stepfather designado pelo Capitão Mór da BAM
.d. processar o governo que deixou-o cair em tentação, particularmente a Dep. Luciana Genra, que ainda não fez uma lei impedindo a denúncia vazia
.e. processar a comunidade dele que o impediu de ter um amigo que lhe pagasse uma picanha.

Saudações
DdAB

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