28 janeiro, 2009

Mapeamento de Borges e Pessoa

Querido Blog: Não sei o que o mapa acima quer dizer. Seremos felizes? O Banco Central é mesmo a instituição que avaliza o trabalho social e serve como o leiloeiro que transforma valores em preços? O chiclé balão será mesmo o campeão do arroz-com-feijão? Seja como for, encontrei-o em nosso afamado Google Images ao pedir-lhe que dissesse o que sabe sobre "mapa do reino" e "fernando pessoa". Ele deu-me umas 10 páginas com fotos. Uns mapas astrais (é astral ou apenas o céu itself?), como o acima, da mesma fonte, outras coisas, inclusive o capitão da Força Pública do Rio de Janeiro do filme "Tropa de Elite". Por que olhei "mapa do reino"? Por causa do que direi abaixo. E "fernando pessoa"? Idem. Andei conversando, quero dizer, aprendendo, com o Prof. Achyles Barcelos da Costa (Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0173272835376949 ) e falamos -não lembro bem como o assunto começou- digamos que em Jorge Luis Borges (ou Fernando Pessoa). Naturalmente ele, Achyles, evocou a passagem de Borges e a de Pessoa. Cito-as ambas e mexo um pouquinho em cada. A. Fernando Pessoa A.1 O Prof. Achyles, meu querido e milenar amigo, enviou-me o texto que segue, de autoria de Fernando Pessoa. CURSOS Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria. Quem não sabe nada de um assunto, e consegue alguma coisa nele por sorte ou acaso, chama <> a quem sabe mais e, por igual acaso, consegue menos. Quem sabe, mas não sabe aplicar - isto é, quem afinal não sabe, porque não saber aplicar é uma maneira de não saber -, tem rancor a quem aplica por instinto, isto é, sem saber que realmente sabe. Mas, em ambos os casos, para o homem são de espírito e equilibrado de inteligência, há uma separação abusiva.
Na vida superior a teoria e a prática completam-se. Foram feitas uma para a outra. Fernando Pessoa. In: Apresentação da Revista de Comércio e Contabilidade. A.2 Tentando obter uma referência ao material citado, procurei "fernando pessoa" e "toda teoria deve ser". Nada achei. Tirei o "fernando pessoa". 

A.3 Outra Pista Fui ao motor de busca do "Sapo", o interessante site português. Encontrei o seguinte blog: http://frv.blogs.sapo.pt/1590.html. Lá, aos 16/fev/2007, sexta-feira, está postado o título "Cronologia da Vida e Obra de Fernando Pessoa". Assim, para 1926, lemos: "Pessoa dirige com o cunhado, coronel Caetano Dias, a Revista de Comércio de contabilidade, cujo primeiro número sai em Janeiro desse ano, e na qual publica artigos sobre temas sócio-económicos." Etc.. Vemos que há uma diferencinha: "Revista de Comércio e Contabilidade" por "Revista de Comércio de contabilidade". Cessei a busca, pois não estou 100% à v ontade com meu -por assim dizer- novo computador... 

A.3 Prosa Completa de Fernando Pessoa No livro da Editora Nova Aguillar, sem índice analítico, deu umas bombeadas e nada encontrei que responda pelo título. B. Jorge Luis Borges B. 1 Texto correspondente Del rigor en la ciencia (retirei-o do livro "Narraciones", de autoria atribuída a Jorge Luis Borges e escrito "Edición de Marcos Ricardo Barnatán", Madrid: Catedra. [Coleção] Letras Hispanicas. Quinta Edición. 1986. Creio que este título é uma espécie de jogo de palavras com "Ficciones", que é um livro de Borges (segundo entendo pelo que vejo no volume 1 das Obras Completas de Emecê Editores, Buenos Aires, 2004) publicado em 1944 e que abrange "El Jardín de Senderos que se Bifurcan, de 1941 e Artificios, de 1944. (a grafia do que segue foi conferida com a que citarei abaixo, que foi a dominante)). Lá vai ipsis litteris: ... 

En aquel Imperio, el Arte de la Cartografía logró tal Perfección que el mapa de una sola Provincia ocupaba toda una Ciudad, y el mapa del Imperio, toda una Provincia. Con el tiempo, esos Mapas Desmesurados no satisficieron y los Colegios de Cartógrafos levantaron un Mapa del Imperio, que tenía el tamaño del Imperio y coincidía puntualmente con él. Menos Adictas al Estudio de la Cartografia, las Generaciones Siguientes entendieron que ese dilatado Mapa era Inútil y no sin Impiedad lo entregaron a las Inclemencias del Sol y de los Inviernos. En los desiertos del Oeste perduran despedazadas Ruinas del Mapa, habitadas por Animales y por Mendigos; en todo el País no hay otra reliquia de las Disciplinas Geográficas. SUÁREZ MIRANDA, Viajes de varones prudentes. Libro Cuarto, cap. XLV, Lérida, 1658. 

Nota assinalada por asterisco: Este cuento aparece publicado por primera vez en libro en la segunda edición transformada de Historia Universal de la Infamia, publicada por Emecé Editores, Buenos Aires, 1954. En 1960 será incorporado a El Hacedor, en el apartado Museo
Nota assinalada pelo número 1 em sobrescrito: En Magias parciales del Quijote, ensayo incluido en Otras Inquisiciones, encontramos la siguinte cita de Borges: "Las invenciones de la filosofia no son menos fantásticas que las del arte: Josiah Royce, en el primer volumen de la obra The world and the individual (1899), ha formulado la siguiente: Imaginemos que una porción del suelo de Inglaterra ha sido nivelada perfectamente y que en ella traza un cartógrafo un mapa de Inglaterra. La obra es perfecta; no hay detalle del suelo de Inglaterra por diminuto que sea, que no esté registrado [cito a palavra das Obras Completas, pois o Narraciones tem "reflejado") en el mapa; todo tiene ahí su correspondencia. Ese mapa, en tal caso, debe contener un mapa del mapa, que deve contener un mapa del mapa del mapa y asi hasta lo infinito." B.2 Notas que aponho agora Primeira: 

Ao ler isto pela primeira vez -creio que em torno de 12/jan/1988, ou seja, há 21 anos- escrevi: "Escala 1:1, não!" Na ocasião, uma arquiteta com quem eu viajava pela Espanha, onde comprei o livro de onde tirei o que acima transcrevi disse-me que escalas 1:1 muitas vezes são importantes no desenho arquitetônico, e mesmo escalas de 4:1 e outras, ou seja, digamos que para detalhar um trinco de porta o arquiteto deseje oferecer enorme detalhe e -para cada centímetro do objeto real- usa quatro devidamente detalhados no papel. Depois (ou teria sido antes?), vim a saber que Luiz Gonzaga Beluzzo usara este "conto" como epígrafe de sua tese de doutorado apresentada a seus pares da própria Unicamp. 

 Segunda: no Volume 1 das Obras Completas que estou lendo no presente momento, a "Historia Universal de la Infamia", de 1935, é reproduzida, sem o "conto" de que estamos tratando. Neste primeiro volume, "El Aleph" está publicado, referenciando-se a 1949, mas não inclui o "conto". Vemo-lo publicado, no volume 2 das Obras Completas, à p.225, com a redação que adotei acima, pois acho que há um errinho (satisfacieron por satisficieron). O "conto", assim, está inserido no livro El Hacedor, datado de 1960. Terceira: na p.47 do v.2 das Obras Completas, temos mesmo a citação acima referida. Não é bem citação, mas parte integrante do texto (tenho medo de falar em conto, preferi "conto", "texto", eufemismos para a obra de Jorge Luis Borges. O texto "Magias parciales..." vai da p.45 até a 47. Na p.46, começa o paragrafão do qual o editor espanhol retirou a citação que acima faço. Um pouco antes dela, há outra frase borgeana de -como dizíamos em Jaguari- arrepiar o carpim: "[...] el principio de la historia, que abarca a todas las demás, y también - de modo monstruoso - a sí misma." 

 Quarta: na p.520-521 do v.2 das Obras Completas de Emecê, registram-se textos tomando as p.157 até 221. Então, faz-se um espaço e se lê: "MUSEO", em maiúsculas, encaminhando para a p.223. Com indentação de um parágrafo, seguem-se mais chamadas para oito textos, iniciando com "Del rigor en la ciencia", à p.225 (que a p.224 é em branco, sendo o último, "Epílogo", sem indentação, citado como residindo na p.232. 

FINALE: Teriam sido felizes por muitos e muitos anos, teria dito alguém situado fora do tempo. Pode? 

DdAB

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